Océane

Para sua campanha de dia das mulheres, Mulheres de Atitude, a Océane encomendou uma série de postagens sobre mulheres que foram relevantes para a história brasileira e mundial.

O que foi feito: pesquisa biográfica | storytelling

Maud Wagner: A primeira mulher tatuadora

 Em 1907 mulher não podia votar, se divorciar, usar saia curta ou sair sozinha de casa. Eram tempos difíceis para as mulheres, mas uma delas resolveu ir por outros caminhos e sua ousadia ajudou a quebrar alguns paradigmas. Conheça Maud Wagner, a primeira tatuadora profissional dos Estados Unidos. Uma mulher de atitude.

Em uma época marcada pelo preconceito, onde tatuagem era “coisa de marinheiro e prostituta”, Maud abriu as portas da tatuagem profissional para as mulheres. Em 1911, já com seu próprio corpo coberto de tatuagens, sua lista de clientes era imensa (e fiel). Isso fez com que ela fosse ganhando espaço entre os tatuadores da época.

Assim como Gus Wagner, seu marido e instrutor, Maud também dominou a tradicional técnica “handpoked”, que consiste em uma técnica totalmente artesanal, onde o desenho é criado ponto por ponto, sem o uso de máquinas. Sua paixão pela tatuagem era tão grande que Maud fez questão de transmitir à sua filha, Lovetta Wagner, essa incrível arte. Lovetta, seguindo os passos da mãe, também se tornou uma famosa tatuadora nos Estados Unidos.

Hoje, qualquer um que caminhe pelas ruas pode ver que a cultura da tatuagem está cada vez mais presente entre as pessoas, especialmente entre as mulheres. De fato, 2012 foi o ano em que mais mulheres do que homens foram tatuados em todo território norte-americano. Tal feito é duplamente simbólico: primeiro, pelo o que a tatuagem pode representar no corpo de alguém e, segundo, pelo momento em que passamos, em que a pauta feminista está a todo vapor – principalmente no que diz respeito ao controle do corpo.

Maud faleceu em 1961, aos 83 anos de idade. Infelizmente, ela se foi sem poder presenciar a quebra do preconceito com a tatuagem, mas certamente sabendo que sua contribuição abriu caminho para outras mulheres de atitude não só nessa área, mas em todas as outras em que a mulher era subjugada. A ousadia de Maud fez com que ela se tornasse uma mulher admirável. Maud era uma mulher de atitude.

Frida Kahlo: a mulher vestida de flores

Empoderamento, feminismo, liberdade, selfie. Palavras que recentemente voltaram à tona (ou que passaram a existir apenas nos últimos tempos) já faziam parte do repertório de uma grande mulher mexicana: Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón. Ou “simplesmente” Frida Kahlo. Conheça essa incrível mulher mexicana que transformou seu sofrimento em arte.

Listar as proezas de Frida Kahlo como mulher, ser humano e artista é fácil. Elas estão estampadas, algumas literalmente, em exposições magníficas, sites, revistas, jornais, camisetas, buttons e um sem fim de souvenires espalhados pelo mundo todo. Ícone pop do momento, a artista é, no entanto, muito mais que tudo o que podem dizer a respeito dela: Frida é a própria atitude, uma mulher que viu beleza até mesmo nas grandes (e irremediáveis) tragédias da vida.

Frida nasceu em 1907. Quando criança contraiu poliomielite, o que a deixou com uma lesão permanente no pé esquerdo. Em 1925, após um grave acidente que resultou em múltiplas fraturas, nunca mais soube o que era viver uma vida sem dor. Após mais de 30 cirurgias para corrigir suas vértebras, a artista encarou a dor de cara limpa, mas sempre com o pincel na mão: nem mesmo a morfina atenuava seu sofrimento, já que seu organismo não era tolerante a ela.

Dotada de uma capacidade intelectual e artística raras de se encontrar e de uma sensibilidade que só foi alcançada graças ao seu espírito livre, essa incrível mulher mexicana fez de sua intimidade um relato que nos tornou cúmplices de sua própria vida. Pintava o que via e sentia e, por isso, não ocultava sua verdade. Mulher, amante, esposa, não se prendeu a rótulos e amou não só Diego Rivera, seu grande amor e seu pior sofrimento, como também artistas e intelectuais, homens e mulheres de seu convívio.

Sua aproximação com a questão feminina era tão estreita, que Frida fez de seu corpo e suas vestes um símbolo que hoje poderia ser dito feminista. Seu cabelo trançado representava as mulheres poderosas de tribos ameríndias do México. O traje de índia tehuana adotado por ela (essencialmente blusa bordada e saia comprida) a tornou uma mulher espirituosa e extravagante, mas seu significado vai além: o traje é originário do istmo de Tehuantepec (Oaxaca, México) e, segundo a história do istmo, as mulheres de Tehuantepec são conhecidas por serem imponentes, corajosas, sensuais e por viverem em uma sociedade matriarcal – talvez a única do México e uma das raras no mundo todo.

O simbolismo de Frida é inalcançável. Uma mulher admirável, que sofreu perdas irreparáveis (uma perna, alguns amores, três abortos), mas foi capaz de viver uma vida repleta de significados. Criou seu próprio estilo a partir de suas deficiências e foi, além de tudo, uma grande pintora. Sua essência ultrapassou sua fama adquirida por seu trabalho e tornou-se a sua melhor arte. A artista não se furtou ao dever de declarar ao mundo que uma mulher pode ser muito mais do que qualquer um imagina supor. Frida trazia dentro de si e expunha por meio de sua obra e de sua pessoa a certeza de ser uma grande mulher, uma mulher de atitude.

Nina Simone: a voz da liberdade

Mulher, negra e pianista clássica: em uma época em que os direitos civis não eram igualitários, uma mulher lutou pela igualdade de direitos da mulher e dos negros e colocou sua voz a serviço da causa – literalmente.

A trajetória artística e de ativismo de Nina Simone (1933–2003), cujo nome de batismo é Eunice Kathleen Waymon, é, de certa forma, conhecida e reconhecida mundialmente. Talentosa e muitas vezes geniosa, era a representante de sua própria verdade. Compor e cantar o amor, a solidão, a resistência, o racismo, o “ser mulher” e até mesmo a escravidão fizeram de sua carreira um reflexo de sua vida: Nina era verdadeira e acreditava em tudo o que cantava.

Pianista clássica, começou a tocar aos 3 anos de idade. Todos os dias atravessava as linhas divisórias entre as partes brancas e negras de sua cidade para estudar piano. Aos 11 anos (1944), em seu primeiro recital, se recusou a tocar caso seus pais não se sentassem nas primeiras fileiras da plateia – uma “afronta” aos “costumes raciais” da época. Mas, apesar de seu grande talento, a cor de sua pele ainda era um entrave para a sua vida artística: aos 17 anos foi recusada no conservatório de música clássica Curtis Institute of Music, na Philadelphia.

Na década de 1960, já como a conhecida cantora Nina Simone, engajou-se para valer na luta pelos direitos civis dos negros americanos e passou a fazer shows abertos para a comunidade negra, iniciando uma temporada em que só executava músicas políticas. Talvez este seja o momento de maior liberdade da cantora, alcançado pela subjetividade revolucionária, pela possibilidade de lutar por aquilo em que se acredita. Amiga de Martin Luther King e Malcom X, Nina viu quase todos os seus amigos morrerem. Acompanhou a ascensão e a queda do movimento dos direitos civis, a persistência da opressão sobre as mulheres negras e amargou uma represália por parte de gravadoras e abando de certos públicos pelo fato de ter tomado uma posição na luta pela igualdade.

Nina sempre esteve ciente das limitações que a vida lhe imporia devido ao fato de ser mulher e negra. Mas Nina era engajada em mudar o mundo à sua volta. Atormentada por uma infância de segregação e de falta de liberdade, em muitos momentos da vida justificou suas atitudes em entrevistas, em diários e até em suas músicas ao fato de “não ter tido outra escolha”. Assim, a música e o piano se tornaram um trabalho necessário para ajudar a sustentar a família; apanhar do marido (um policial de Nova Iorque) foi consequência de sua paixão (“Não tive escolha, eu me apaixonei e ele foi tomando conta de tudo.”); engajar-se na questão racial norte-americana era tudo o que podia fazer (“Não há como não viver essa época, nesse país, e simplesmente não se envolver.”). Até mesmo a decisão de abandonar a tudo e a todos e mudar-se sozinha para Barbados (final da década de 1970) foi reflexo de sua falta de liberdade: o talento já era obrigação, o amor já havia se convertido em guerra e a família se tornado um pesado fardo.

A biografia de Nina Simone é rica e repleta de altos e baixos. Sua genialidade permitiu que ela vivesse sua vida de acordo com sua verdade. Sua única filha, Lisa Simone Kelly, no documentário What happened, Miss Simone? é enfática ao afirmar que “Ela era brilhante, mesmo na velhice ela era brilhante.”.

Nina foi uma mulher de atitude, que entendeu o recado do mundo e pautou sua atuação artística e política na tentativa de diminuir o abismo existente entre os seres humanos. Nina transformou suas angústias em armas de luta contra a opressão. Ainda hoje, sua música e seu ativismo são de grande importância e nos ajuda a compreender um pouco desse passado sombrio de segregação e privação de liberdade. Nina, com sua voz e seu piano, vive para nos lembrar que ainda estamos imersos nessas condições de segregação racial e da mulher e que é preciso refletir e agir sobre elas – mesmo que a gente tenha outra escolha.

Luz del Fuego: A mulher que nasceu para ser livre.

Vegetariana, feminista, naturista e adepta do nudismo. Conheça a história da capixaba que fundou em 1956 o 1º clube de naturismo do Brasil, renegando “os bons modos” da época para viver de acordo com a sua própria natureza.

Luz del Fuego, cujo nome de batismo era Dora Vivacqua, nasceu em Cachoeiro do Itapemirim–ES, em 1917. A rebeldia característica de muitos adolescentes acentuava-se em Dora: aos 12 anos de idade já não aceitava ordens nem opiniões sobre sua vida.

Após o assassinato do pai, em 1932, Dora sente-se sufocada na pequena cidade, que não está preparada para sua personalidade. Dora abominava o uso de sutiã e muito antes de as feministas queimarem seus sutiãs, já ia à praia de seu estado desfilando de calcinha e bustiê improvisado com lenços. Isso em uma época em que o biquíni estava bem longe de ser uma opção para as mulheres. Em 1936, muda-se para o Rio de Janeiro sob a tutela do irmão, Atílio.

Em 1944, depois de cursar dança na academia Eros Volúsia, Dora estreia no Circo Pavilhão Azul como Luz Divina. Seu número conta com a participação do casal de jiboias estimação, Cornélio e Castorinha, que se enrolam em seu corpo nu. Em 1947, por sugestão de um amigo, muda seu nome para Luz del Fuego, em contraste ao Vivacqua (água viva), o que representa bem sua nova opção de vida. Como dançarina, salva muitos circos da falência e seus espetáculos atraem cada vez mais público e imprensa. Em uma época de repressão, Luz era famosa e desejada, e conquistou o que a maioria absoluta das mulheres não tinham: a independência.

Desvinculada do sobrenome da família, Luz ainda incomoda seu irmão Atílio, já eleito senador, que vê em Luz um prato cheio para seus adversários políticos. O ápice da crise entre irmãos acontece quando Luz publica seu primeiro livro, Trágico Black-Out, em que narra com detalhes trechos comprometedores de sua vida, inclusive fatos que aludem a uma prostituição assumida. O irmão consegue comprar metade dos exemplares (1 mil) e coloca fogo em todos. Em 1948, Luz lança seu segundo livro autobiográfico, em que lança as bases de sua filosofia naturista.

Já na década de 1950, Luz coloca em prática suas ideias de naturismo, nudismo e vegetarianismo. Em uma época em que o culto ao corpo da mulher resume-se aos concursos de Miss Brasil, Luz defende que o uso da indumentária não é necessário à moralidade do corpo humano. Em alta e atraindo multidões por onde passa, percebe que o nudismo lhe manterá em evidência. Em seus espetáculos, leiloava a si mesma e doava a renda a instituições beneficentes. Não foram poucas as vezes em que foi multada e levada a interrogatório sob alegação de atentado ao pudor e desacato à autoridade. Com os irmãos se projetando na política, no comércio e nas artes, Luz, quando precisava de dinheiro, ameaçava dançar nua nas escadarias do Senado. Costumava dizer que seu banco preferido era o Preconceito S.A., de propriedade de seus irmãos.

Na segunda metade da década de 1950, funda a sede de sua colônia naturista, batizando-a de Ilha do Sol. Próxima à ilha de Paquetá, a colônia torna-se uma das grandes atrações do Rio de Janeiro, atraindo gente de todo o mundo. Artistas como Ava Gardner, Brigitte Bardot e Steve MacQueen desembarcam na ilha, que só pode ser frequentada por quem se dispõe a ficar nu e assim permanecer, durante toda a estada.

Na década de 1960, já com a idade avançada e sem poder fazer seus shows como antigamente, o mito criado por Luz começa a desaparecer. Permanece na ilha, onde se envolve romanticamente com um guarda portuário. Em 1967, após denunciar dois irmãos à polícia por ações criminosas, Luz é atraída por eles para perto de seu barco e levada para alto mar. Ali mesmo é morta e jogada no fundo do mar da Baía de Guanabara, amarrada a uma pedra. O crime só foi desvendado duas semanas depois.

Luz del Fuego foi uma mulher à frente de seu tempo, que encarava seu gênero de forma muito natural. Em uma época de “machões”, Luz tirou as mulheres do anonimato, mostrando à sociedade que elas também têm voz. Não se apegou aos clichês da época e colocou em prática o que hoje muitas feministas defendem, que é a mulher ser dona de seu próprio corpo. Luz fez jus ao seu nome, pois projetou sua luz nos costumes da época e escancarou o quanto uma sociedade pode ser retrógrada e preconceituosa, principalmente com a mulher.

Nise da Silveira: a mulher que enxergou na arte um tratamento para a loucura

Mulher, nordestina e nascida no início do século XX, o que se esperava dessa incrível mulher era apenas que ela se tornasse pianista, assim como a mãe. Mas ela queria muito mais que isso.

Contrariando todas as expectativas, Nise da Silveira (1905–1999) entrou na Faculdade de Medicina da Bahia aos 16 anos de idade, sendo a única mulher de uma turma de 157 alunos. Vale ressaltar que no Brasil do início século XX, excetuando-se as áreas de magistério e enfermagem, a população feminina não tinha acesso às profissões da esfera pública. Sendo assim, Nise pode ser considerada uma pioneira não só em sua área de atuação, como também no universo profissional feminino.

Dotada de extrema sensibilidade, sua monografia final de curso (em 1926) teve como tema uma pesquisa com mulheres infratoras (ladras, assassinas e prostituas) em um cárcere de Salvador. Tal tema já dava mostras de como Nise dedicaria sua vida profissional aos estudos sobre comportamento humano e tratamento de patologias psicológicas, principalmente a esquizofrenia.

Discípula de Carl Gustav Jung, Nise jamais se conformou com os métodos violentos empregados pelos hospícios para tratar pessoas com patologias mentais. Era radicalmente contra procedimentos como confinamento, eletrochoques, lobotomias etc. e procurou na expressividade alternativas para “tratar a loucura”. Pequena e de corpo frágil, Nise se tornava uma gigante em força e coragem. Com grande capacidade de mobilização e postura humanista, fundou em 1946 a Seção de Terapêutica Ocupacional do Centro Psiquiátrico Pedro II (Rio de Janeiro), hoje, Instituto Municipal Nise da Silveira. Distribuindo lápis, papel, telas e pincéis aos seus pacientes, Nise plantou, naquele momento, sementes de suas ideias: a humanização aliada à arte-terapia. Os métodos de Nise eram tão revolucionários que não só chamaram a atenção de Jung, que elogiou seu trabalho, como comprovaram as teorias dele sobre o inconsciente coletivo.

Em 1952, reuniu todos o material produzido nos ateliês pelos pacientes e fundou o Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio De Janeiro. O museu é considerado um “museu vivo”, uma vez que as obras não param de ser produzidas. No espaço ainda funciona um ateliê local, onde os pacientes, por meio da afetividade e expressão criativa livre, entram em contato com seus conteúdos internos e trilham o caminho para a autocura. Nise também fundou a Casa das Palmeiras, uma clínica de reabilitação em regime de externato dedicada a atender os pacientes egressos de hospitais psiquiátricos.

Um dos episódios marcantes de Nise foi sua prisão, em 1934, sob a acusação de ser comunista. Durante sua estada na prisão, que durou 15 meses, conheceu Graciliano Ramos, que em seu livro “Memórias do Cárcere” descreve Nise: “… lamentei ver a minha conterrânea fora do mundo, longe da profissão, do hospital, dos seus queridos loucos. Sabia-se culta e boa. Rachel de Queiroz me afirmara a grandeza moral daquela pessoinha tímida, sempre a esquivar-se, a reduzir-se, como a escusar-se a tomar espaço. O marido também era médico, era o meu velho conhecido Mário Magalhães. Pedi notícias dele: estava em liberdade. E calei-me, num vivo constrangimento.”.

Nise foi uma incrível brasileira que sempre esteve anos-luz à frente de seu tempo. Nunca se curvou diante das dificuldades e enxergou na humanização o caminho efetivo para o tratamento psiquiátrico. Nise, assim como tantas mulheres que mudaram o mundo, foi uma mulher de atitude e sua postura humanista contribuiu para revolucionar os métodos empregados em tratamentos psiquiátricos.

Theresa Karchidamoto – Um raio de esperança na luta contra a violência feminina

Mulher, negra, africana e ativista dos direitos humanos. Em um país que permite que meninas se casem a partir dos 12 anos de idade, Theresa Karchidamoto persiste na luta contra essa cultura. Em três anos essa mulher de atitude já anulou 850 casamentos forçados e mandou de volta à escola as meninas coagidas. E ela ainda quer mais.

Pobreza, tradições e culturas que toleram a violência contra mulheres e meninas, falta de oportunidades e educação falha (ou inexistente). Junte todos esses ingredientes e o que teremos é uma atrocidade que viola o primeiro e mais básico dos direitos humanos: o direito à liberdade.

O resultado, além de toda a violência praticada contra a mulher, é desastroso: meninas do Malaui, país a sudeste da África, casando-se aos 12 anos de idade, sendo enviadas a campos de iniciação sexual (onde passam por “rituais de limpeza” e são ensinadas a agradar seus maridos), sendo mães precocemente e contraindo HIV. Qualquer semelhança com a escravidão não é mera coincidência.

Profundamente consciente da situação e perturbada com o destino das meninas de seu país, Theresa se tornou chefe do distrito. Como líder da comunidade, criou modos de conscientizar a população sobre a necessidade de fazer com que as meninas fossem educadas. Mas isso não foi suficiente e Theresa partiu para a ação: transformou em lei a proibição dos chamados rituais de limpeza e o casamento antes dos 18 anos de idade (mesmo com o consenso dos pais). Agora, sua luta é para alterar a idade mínima de casamento para 21 anos.

Para fazer valer a lei, Theresa nomeou 50 subchefes que, ao lado dela (e sob sua tutela), também têm o poder de anular os casamentos já celebrados. Theresa é firme em suas decisões. Mesmo sendo ameaçada de morte por políticos que bradam contra o direito das mulheres, não foge à luta.

Ao ser questionada sobre as ameaças, Theresa afirma que continuará lutando até sua morte. E sobre esse assunto, Theresa tem uma coisa uma coisa importante a dizer: “se elas forem educadas, podem ser o que quiserem”. Até mesmo mães e esposas, mas só se quiserem.